Entrevistámos uma mulher de 39 anos com fobia social e cinofobia (medo de cães).
1 – Quais são as coisas/situações que lhe provocam mais medo?
Falar em público (fobia social), animais em geral e cães em particular (fobia específica) são as coisas que mais me transtornam. No entanto, tenho outros medos que não são tão significativos.
2 – Sempre teve esses medos, ou houve uma altura em que eles surgiram com maior frequência?
Sempre tive medo de falar em público, ou seja, é uma situação que me provoca muito desconforto. Quando tenho de o fazer, sinto que os outros podem pensar mal de mim, julgar-me e até gozar comigo.
Também tive sempre medo de animais, mas só comecei a ter mais medo dos cães depois de ter sido mordida por um.
3 – Encontra alguma explicação para os seus medos?
Não, não consigo arranjar uma explicação lógica para nenhum dos meus receios. Apenas penso que o medo dos cães se deverá ao facto de ter sido atacada por um cão, como referi na questão anterior. Acho que fiquei um pouco traumatizada com esse acontecimento e nunca mais consegui estar ao pé de um cão sem sentir medo.
Geralmente, quando vejo um, lembro-me do tal episódio e começo a entrar em pânico.
4 – No dia-a-dia tenta enfrentar os seus medos, ou evita estar perante aquilo que a assusta?
Esporadicamente tento encarar o medo e enfrentar todas as situações que me assustam. Contudo, na maioria das vezes evito estar perante os meus medos, pois não sinto coragem suficiente para os ultrapassar.
5 – Está informada acerca do tema fobias/medos ou nunca teve grande curiosidade em aprofundar os seus conhecimentos acerca do assunto?
Penso que estou suficientemente informada. Já vários psicólogos me falaram sobre o assunto e me deram as indicações fundamenteis sobre como enfrentar e lidar com o medo.
6 - Alguma vez decidiu procurar ajuda para enfrentar os seus medos?
Sim, já procurei. Como disse, fui a vários psicólogos que me ajudaram.
A determinada altura da minha vida resolvi procurar apoio, uma vez que achei que os medos estavam a limitar a minha vida pessoal e profissional. Vivia em função deles e não conseguia fazer nada para os atenuar.
7 – Considera que essa ajuda foi útil?
Sim, felizmente, estou muito melhor. Desde que procurei ajuda consigo não viver tanto em função dos meus medos e levar uma vida quase “normal”. Apesar de ainda não me sentir bem a fazer algumas coisas, como comer ou falar em público e estar muito perto de cães, posso dizer que não vivo tão limitada pelas fobias.
8 – Alguma vez teve um ataque de pânico?
Sim, já tive vários, apesar de já não sentir nenhum há algum tempo.
9 – Pode descrever qual é a sensação?
Não sei descrever ao certo. Lembro-me de que tinha a sensação de que ia morrer, sentia suores frios e palpitações, tremia, ficava com a boca muito seca e sentia outros sintomas ansiosos.
Uma coisa posso garantir, era uma sensação horrível.
Uma das situações que me provocava mais ataques de pânico era ir sozinha a supermercados, pois sentia que toda a gente olhava para mim.
10 – Tem conhecimento de que uma em cada quatro pessoas sofre de fobias e este número tende a aumentar?
Não tinha conhecimento, mas sabia que o número de pessoas com estas perturbações é cada vez maior em todo o mundo.
Talvez o clima de insegurança transmitido pela comunicação social da actualidade seja uma das causas desse fenómeno.
Penso que se vive um clima de medo generalizado na nossa sociedade, o que provoca cada vez mais fobias, mesmo em pessoas com pouca idade.
11 – Ao longo do corrente ano lectivo, o nosso grupo tem desenvolvido um trabalho que pretende chegar às pessoas que sofrem de fobias, no sentido de as informar e fazer ver que não estão sozinhas. Pensa que o projecto tem sido bem conseguido?
Sim. Já visitei várias vezes o blogue que fizeram. Penso que está muito bem construído e contém informação útil, que pode ajudar todas as pessoas que sofram de fobias.
Lembro-me também de ter visto a notícia do debate sobre a fobia social no Diário do Sul. No entanto, por motivos profissionais, não pude estar presente.
Espero que continuem a desenvolver um bom trabalho e que esta entrevista possa servir para encorajar pessoas com fobias a procurar ajuda.
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